quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Técnicas Teatrais - 6º Parte

Dramaturgia Espírita 2º Parte

Continuando...

- Enredo: É a organização estrutural do tema, a história. Não podemos fugir da clássica forma que uma história deve ter começo, meio e fim. O enredo, entre os outros elementos dramáticos, é o mais importante, pois é o mais difícil e expressivo. Pois é ele que abre caminho para ação através do conflito e caracteriza os personagens. Um bom enredo deve ser submetido às seguintes conveniências:

· Deve fazer jus à credibilidade artística quando apresentar fatos inacreditáveis.

· Deve conter momentos de clímax e anticlímax estrategicamente alternados.

· Devem girar sobre um núcleo central aglutinador de todos os detalhes.

· Deve dispensar o óbvio.

· Devem abrigar surpresas que determinem mudanças situacionais no curso dos acontecimentos.

· Deve fluir com aparente espontaneidade, sem que nada soe em falso como se fosse forçado ou gratuito (Não existe mais o tempo em que prevaleciam nos enredos os mal-entendidos, os acasos e as coincidências).



- Caracterização dos personagens: Não são raras as peças dotadas de excelente enredo, mas cuja caracterização dos personagens deixa muito a desejar. Nelas não vemos seres humanos em movimento vital, impelidos por emoções e pensamentos próprios, mas apenas marionetes movidas por cordéis. Há uma imperiosa necessidade de o dramaturgo desenhar com nitidez menor ou maior, o caráter de um por daqueles que surgem em cena, isso requer grande cuidado, porque a natureza humana não é nada simples. Devemos sempre lembrar que o humano é uma síntese de luz e sombra, aspecto positivos e negativos.



- Ação: Consiste naquilo que os personagens fazem, nasce sempre de um conflito existente nas linhas mestras do enredo. A ação dramática é caracterizada pelo seu alto teor de tensão. Pois a arte cênica nutri-se de forças passionais ou energias intelectuais ativadas. Isso significa, em tese, que o autor teatral tem de subordinar o seu texto aos esquemas de dinâmica interpessoal.



- Diálogo: A mais elevada taxa de ação se materializa pelo diálogo bem proposto. Explicita o enredo, promove a caracterização dos personagens, funcionando assim como o corpo e alma da dramaturgia. Sem uma inata facilidade para escrever diálogos, ninguém se firmará como autor teatral. Todos reconhecem pelo preciosismo e desarticulação dos diálogos identifica-se o dramaturgo inexperiente e medíocre. Em contra partida, pela fluência de uma linguagem que sabe ser tanto literária (culta) e coloquial (popular) identifica-se todos os grandes autores cênicos. Elas devem ser claras e sugestivas, devem ter um ritmo vibrante. Não devem ser longas em sem plena justificativa para tanto, não devem ser moldadas de maneira a dificultar a réplica, nem recheadas de frases lacunosas (misteriosas), repletas de termos sofisticados inacessíveis ao entendimento do grande público e nem com falta de conexão entre elas.



- Rubricas: São as observações do dramaturgo escritas entre parênteses, antes, no meio e após as falas. Elas tem a finalidade específica de fornecer ao leitor da peça, certas informações que em hipótese alguma poderiam ser omitidas. Devemos cuidar para não utilizar as rubricas em excesso e nem com demasiada falta. As principais utilidades são:

· Indicar gestos com os quais os atores darão mais expressividade ou maior força às falas. (Ex: Trêmulo, enxuga as lágrimas; Dá um soco na mesa);

· Indicar posturas indispensáveis à ação (ex: dando-lhe as coisas; cruza os braços);

· Indicar atitudes próprias da situação (ex: com melancolia; raiva, calmo);

· Indicar movimentos individuais (ex: sai à esquerda; sobe as escadas);

· Indicar modificações nos cenários ou nos utensílios de cena, e, mais, interferências sonoplásticas, efeitos de luz, detalhe de vestuário, etc.

· Indicar pausas, advertindo quando forem breves ou prolongadas.


Dicas para escrever uma boa peça:


ð Ação: Como é sempre o conflito que sustenta a ação, se os personagens estão de pleno acordo, a cena é morta. Quando deixam de participar da ação, os personagens não devem permanecer em cena.

ð Enredo: Na sua estruturação, além de se evitar coincidências, acasos e mal-entendidos, é de importante não se incluir obviedades, truques, azares, entradas e saídas de personagens gratuitas e recursos fáceis para passar informações, tais como leitura de cartas, conversas ao telefone, vídeos de longa duração, etc. O importante é manter o suspense conservado, pois as pessoas, embora exercitando a imaginação, sentem-se em dúvida sobre o desfecho da trama e, por não poder adivinha-los, continuam com a atenção concentrada. É mais tocante um pequeno drama de uma única pessoa do que uma tragédia de uma toda multidão. Evitemos assim os típicos enredos de “dramas mexicanos”. Os primeiros minutos de uma peça não devem ser meramente explicativos, devem logo girar em torno de uma fato que tenha acontecido, esteja acontecendo ou na iminência de acontecer e que este fato afete tensionalmente a vida dos personagens a partir daquele instante.

ð Caracterização: Salvo quando indispensável, cabalmente justificado pelas circunstâncias, deve-se, para não incidir em primarismo, deixar de lado a utilização de personagens estereotipados (político demagogo, general sedento de glória, cientista excêntrico, mocinho infalível e perfeito, etc.) assim como personagens marcados por uma conduta fixa ou cacoetes exagerados. Cada personagem deve ser composto com especial tom de comportamento, um jeito próprio, uma peculiar maneira de ser compatível com a sua organização psicológica.


ð Diálogo: Independentemente dos requisitos anteriormente comentados, na redação das falas, o autor dramático precisa não incorrer nos seguintes erros, que são freqüentes:

- Linguagem artificial por motivo de obediência à gramática;

- Frases mal pontuadas e deficientemente articuladas, sem pausas para respiração dos atores;

- Choques silábicos, cacofonias e hiatos com muitas vogais.

- Palavras cultas de mais impossibilitam a compreensão da mensagem e a utilização de termos chulos (não importa a situação, por mais que ela possa “pedir”, nunca devemos) agridem diretamente aqueles que não estão acostumados com tais termos, trazendo assim, a falência de uma obra.


ð Rubrica e cenário: Levar em conta, nas rubricas, que às vezes uma reação de silêncio substitui vantajosamente numerosas frases. E quanto a descrição de cenários, admitir como irrelevante a discrição de minúcias. Shakespeare escrevia apenas “uma rua”, “um palácio”, “uma floresta”.


Obs: Os outros elementos cênicos (sonoplastia, figurinos, etc) serão abordados em outro momento.



Referencias bibliográficas:

ð Existe uma grande quantidade de ótimos livros a cerca do assunto, mas irei destacar os que julgo ser, os de maior valia para nós, artistas espíritas. Pois o ensino da arte de representar, é sumamente complexo, e muitos espíritas cometerão grave erro ignorando isso, tendo a ilusão de se transformarem em bons artistas cênicos sem estudar tais obras.

ð A preparação do Ator; Constantin Stanislavski

ð A construção da personagem; Constantin Stanislavski

ð A criação de um papel; Constantin Stanislavski

ð Arte do ator; Michael Chekhov


2 comentários:

Anair disse...

Que legal todas essas técnicas e dicas que vocês estão disponibilizando! Continuem sempre!

ADE-JAPÃO disse...

Oi Amigos.
Gostaria de Saber,quem é o AUTOR, da peça- CHICO MARCENEIRO. teatro de fantoches-infantil.
Gostaria de entrar em contato.
Somos do JAPÃO, e é URGENTE....