sábado, 9 de janeiro de 2010

♥ Sítio do Picapau Amarelo ♥

Muitos conhecem as famosas histórias e o seriado produzido pela Globo, muitos quando crianças assistiam muito o Sítio do Picapau Amarelo.

São ótimas histórias, vale a pena ler!
Hoje, navegando por essas andanças virtuais, me deparei com este texto de Monteiro Lobato tenho certeza que todos vão gostar
também, ou no mínimo achar "legal".
===========================Filosofia de vida da Emília
Monteiro Lobato

- Sabe o que é filósofo, Visconde?

O Visconde sabia, mas fingiu não saber. A boneca explicou:

- É um bicho sujinho, caspento, que diz coisas elevadas que os outros julgam que entendem e ficam de olho parado, pensando, pensando. Cada vez que digo uma coisa filosófica, o olho de Dona Benta fica parado e ela pensa, pensa...

- Ficam pensando o que, Emília?

- Pensando que entenderam.

O Visconde enrugou a testinha e quedou-se uns instantes de olho parado, pensando, pensando. Aquela explicação era positivamente filosófica.

- E como sou filósofa - continuou Emília - quero,que minhas Memórias comecem com a minha filosofia da vida.

- Cuidado, Marquesa! Mil sábios já tentaram explicar a vida e se estreparam.

- Pois eu não me estreparei. A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso. É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais. É portanto um pisca-pisca.

O Visconde ficou novamente pensativo, de olhos no teto.
Emília riu-se.

- Está vendo como é filosófica a minha idéia? O Senhor Visconde já está de olhos parados, erguidos para o forro. Quer dizer que pensa que entendeu... A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia. Pisca e mama; pisca e anda; pisca e brinca; pisca e estuda; pisca e ama; pisca e cria filhos; pisca e geme os reumatismos; por fim pisca pela última vez e morre.

- E depois que morre? - perguntou o Visconde.

- Depois que morre vira hipótese. É ou não é?

O Visconde teve de concordar que era

Nenhum comentário: