sexta-feira, 28 de maio de 2010

NOSSO LAR

"A vida não cessa. A vida é fonte eterna e a morte é jogo escuro das ilusões.
O grande rio tem seu trajeto, antes do mar imenso.
Copiando-lhe a expressão, a alma percorre igualmente caminhos variados e etapas diversas, também recebe afluentes de conhecimentos, aqui e ali, avoluma-se em expressão e purifica-se em qualidade, antes de encontrar o Oceano Eterno da Sabedoria.
(...)
Uma existência é um ato.
Um corpo - uma veste.
Um século - um dia.
Um serviço - uma experiência.
Um triunfo - uma aquisição.
Uma morte - um sopro renovador.(...)"

"Eu guardava a impressão de haver perdido a ideia de tempo. A noção de espaço esvaíra-se-me de há muito. Estava convicto de não mais pertencer ao número dos
encarnados no mundo e, no entanto, meus pulmões respiravam a longos haustos.(...)"

André Luiz

Em breve, chega nas telas dos cinemas o filme que vai encantar, emocionar e, inclusive, esclarecer muito sobre a vida após a vida.

"Estreia dia 03 de setembro de 2010."

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Por que para uns é tão fácil e para outros nem tanto?

"(...)20ª Donde vem a aptidão de alguns médiuns para escrever em verso?
"A poesia é uma linguagem. Eles podem escrever em verso, como podem
escrever numa língua que desconheçam. Depois, é possível que tenham sido poetas em
outra existência e, como já te dissemos, os conhecimentos adquiridos jamais os perde o
Espírito, que tem de chegar à perfeição em todas as coisas. Nesse caso, o que eles hão
sabido lhes dá uma facilidade de que não dispõem no estado ordinário."
21ª O mesmo ocorre com os que têm aptidão especial para o desenho e a
música?
"Sim; o desenho e a música também são maneiras de se exprimirem os
pensamentos.Os Espíritos se servem dos instrumentos que mais facilidade lhes
oferecem."(...)"
Livro dos Médiuns, CAPÍTULO XIX

É por isso que algumas pessoas tem tanta facilidade para aprender e outras nem tanto. A gente acha incrível quando alguém pega tão rápido as manhas para tocar um instrumento, fazer um desenho e até mesmo pintar, cantar, encenar, dançar...

Tudo que aprendemos hoje é guardado dentro de nós. Às vezes fica meio adormecido, mas nós sabemos, é só relembrar. A regressão não existe, jamais podemos "desaprender algo". Ou evoluímos ou "empacamos", estacionamos. Mas vocês hão de concordar comigo que o melhor é evoluir, partir para frente e fazer sempre o melhor, adquirindo conhecimento e melhorando o nosso íntimo. Não é mesmo?

domingo, 14 de março de 2010

Oscar: Venceu o filme a favor da máquina de guerra

A muito tempo que as premiações do Oscar são questionáveis, muitos filmes que ganham vários prêmios deixam aquela dúvida: Era tudo isso mesmo?
Mas este último Oscar foi além dos limites: Premiou um esquecido e jogado as traças 6 vezes!
Eis um ótimo artigo que expressa bem isso tudo.


Por Luiz Bolognesi*

Ao contrário do que parece à primeira vista, a polarização entre Avatar e Guerra ao Terror não traduz uma disputa entre cinema industrial e cinema independente, nem batalha entre homem e mulher. O que estava em jogo e continua é o confronto entre um filme contra a máquina de guerra e a economia que a alimenta e outro absolutamente a favor, com estratégias subliminares a serviço da velha apologia à cavalaria.

Avatar foi acusado nos Estados Unidos de ser propaganda de esquerda. E é. Por isso é interessante. No filme, repleto de clichês, os vilões são o general, o exército americano e as companhias exploradoras de minério do subsolo. Os heróis são o "povo da floresta". A certa altura, eles reúnem todos os ''clãs'' para enfrentar o invasor americano.

Clãs? Invasor americano? Que passa? É difícil entender como a indústria de Hollywood conseguiu produzir um filme tão na contramão dos interesses do país e transformá-lo no filme mais visto na história do cinema. Esse fato derruba qualquer teoria conspiratória, derruba décadas de pensamento de esquerda segundo a qual a indústria de Hollywood está sempre a serviço da ideologia do fast-food e da economia que avança com mísseis, aviões e tanques. Como explicar esse fenômeno tão contraditório?

Brechas, lacunas na história. Ou como diria Foucault, a história é feita de acasos e não de uma continuidade lógica cartesiana. A necessidade do grande lucro, da grande bilheteria mundial produziu uma antítese sem precedentes chamada James Cameron. O homem de Titanic tinha carta branca. Pelas regras da cultura do "ao vencedor, as batatas", Cameron podia tudo porque era capaz de fazer explodir as bilheterias mundiais.

Mas calma lá, cara pálida, uma incoerência desse tamanho, você acredita que passaria despercebida? O general americano, vilão? As companhias americanas que extraem minério debaixo das florestas tratadas como o império das sombras? Alto lá. Devagar com o andor, mister Cameron.

Aí, alguém chegou correndo com um DVD na mão. Vocês viram esse filme da ex-mulher do Cameron? Não, ninguém viu? Então vejam. É sensacional. Ao contrário de Avatar, nesse DVD aqui o soldado americano é o herói. Aliás, mais que herói, ele é um santo que arrisca sua própria vida para salvar iraquianos inocentes. Jura? Temos esse filme aí? Sim, o pitbull americano é humanizado e glamourizado, mais que isso, ele é santificado.

Então há tempo.

Guerra ao Terror estreou no Festival de Veneza há dois anos. Por acaso eu estava lá como roteirista de Terra Vermelha, do diretor italiano Marco Bechis, e fui testemunha ocular da história. O filme da diretora Kathryn Bigelow foi absolutamente desprezado pelos jornalistas e pelo público. E seguiu assim. Indo direto ao DVD, em muitos países, sem passar pelas salas de cinema. Até ser resgatado pela indústria americana como um trunfo necessário para contestar Avatar e reverenciar a máquina de guerra e o sacrifício de tantos jovens americanos mortos e decepados em campo de batalha.

Trabalhando num projeto para o mesmo diretor italiano, que pretendia fazer um filme sobre os viciados em guerra no Iraque, eu pesquisei o assunto durante alguns meses. Tudo muito parecido com o filme de Bigelow, exceto por um detalhe. O detalhe é que os soldados americanos que se tornam dependentes da adrenalina da guerra tornam-se assassinos compulsórios e não salvadores de vidas.

O sintoma dos viciados em guerra é atirar em qualquer coisa que se mexa, tratar a realidade como videogame e lidar com armas e balas de verdade como um brinquedo erótico. Se Guerra ao Terror representasse nas telas essa dimensão da realidade, seria um filme sensacional, mas não teria levado o Oscar, podem apostar.

Guerra ao Terror venceu o Oscar porque, como nos filmes de forte apache, transforma os assassinos que dizimam outras culturas em heróis santificados. A cena extremamente longa e minimalista em que os jovens soldados americanos em situação desprivilegiada combatem no deserto os iraquianos é o que, se não uma cena clássica de caubóis cercados por apaches?

Sem nenhuma surpresa para filmes desse gênero, os garotos americanos vencem, matam os iraquianos sem rosto, como os caubóis faziam com os apaches no velho-oeste. A cena do garoto iraquiano morto, com uma bomba colocada dentro do corpo por impiedosos iraquianos, que literalmente matam criancinhas, tem a sutileza de um elefante numa loja de cristais. Propaganda baratíssima da máquina de guerra.

No filme de Cameron, os na"vi azuis podem ser os apaches que derrotam o general e expulsam a cavalaria americana. Mas isso é apenas uma ficção. Na vida real do Oscar, a cavalaria precisa continuar massacrando os apaches.

*Luiz Bolognesi é roteirista de filmes como Bicho de Sete Cabeças e Chega de Saudade

Fonte: O Estado de S.Paulo
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