
Por Merlânio Maia em ago/2002.
Allan Kardec, depois de compilar e codificar a Doutrina Espírita, vestiu-se como arauto maior da divulgação e da defesa desta gigantesca causa. É fácil ver nos seus escritos, nos seus discursos o amor pela idéia nova que engrandeceria a humanidade.
Assim seus discursos, de uma lógica irretorquível, não deixavam dúvidas sobre o momento em que o espírito venceria a matéria, e a luz baniria as trevas.
Seu sonho foi adiante. Sonhou com uma consciência espírita onde os homens, de posse do conhecimento derramado pelo Espiritismo, vivenciariam o bem de tal maneira, que sua moral ilibada contagiaria a todos e a Terra, enfim, respiraria a paz.
Foi com esse entusiasmo que o Codificador pensou a Arte espírita. Ora, se havia uma arte cristã, haveria de nascer uma Arte espírita. Uma arte voltada para a realidade da vida maior. Uma arte que vê Deus sem os limites humanos, porque Deus é muito mais. Uma arte que falasse da sobrevivência à morte, que falasse da evolução infinita dos seres, da reencarnação, da comunicabilidade dos seres que se amam e que sempre estarão unidos, vencendo a morte.
Enfim, o Belo em busca do Bem!
E deve ser bem esta arte, a ser buscada quando nos debruçamos sobre uma temática e nos propomos desenvolvê-la em qualquer das suas expressões: pintura, literatura, poesia, música, teatro, dança, etc.
Já vi muita Arte excelente retratando estes princípios, mas, o que já vi de pseudo-arte que não tem a menor qualidade arrastando-se num pieguismo doentio, na desesperada tentativa de tocar corações...
Vi também Arte mediúnica assinada por espíritos famosos sem o menor comprometimento com as verdades exaradas pelo mundo dos Espíritos, nem com a qualidade artística, tão presente nas obras daquele que a assinou quando encarnado.
E eu chorei. Não pelo que me obrigaram a ver, mas, pelo que estão propalando como a tão falada Arte espírita.
Produções deste tipo depõem contra todos nós os espíritas sérios, principalmente, nós que estamos diretamente vinculados à Arte espírita.
Pela própria compleição intelecto-moral do mestre lionês, bem como, pela sua imensa crença e respeito ao Espiritismo, certamente, não seria esta a Arte que ele adotaria como Arte espírita.
É sabido que as mensagens recebidas por Chico Xavier, a mais perfeita antena parabólica do mundo espiritual, nas palavras de Divaldo P. Franco, chegavam com um percentual de animismo, isto dito pelo próprio espírito Emmanuel (qualquer dúvida leia-se a última página do livro “O Consolador” do mesmo espírito), imagine os outros médiuns?
Esta informação não deve gerar nenhum espanto, pois, desde a edição de O Livro dos Médiuns, já estávamos informados.
E é exatamente por isto, que é preciso dar-se um pouco mais na própria preparação. É preciso ter um mínimo de entendimento sobre o que se faz. Até para colaborar no processo medianímico.
Então, caros companheiros de Arte, não custa nada, estudarmos para dar a qualidade, devida, à nossa Arte!
Aos pintores, que estudem pintura!
Aos poetas que estudem poesia!
Aos músicos, aos atores, aos dançarinos, aos literatos estudem suas especialidades, estudem, estudem, estudem...
Pois só assim a tão sonhada Arte espírita, decantada por Kardec, Denis, André Luis, Emmanuel e tantos outros espíritos, tomará seu lugar, para engrandecer nosso movimento, espalhando tais princípios por todos os cantos do mundo, sem sectarismos, pieguismos, fanatismos e tantos “ismos” depreciativos.
Aí sim, pode-se assumir que existe uma Arte espírita, pois, ela trata de princípios exarados da Doutrina Espírita e, cheia de qualidade enobrecida pela preparação de quem a faz e a conduz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário