domingo, 14 de dezembro de 2008

OS CENTROS ESPÍRITAS E A ARTE MEDIÚNICA

OS CENTROS ESPÍRITAS E A ARTE MEDIÚNICA

Entrevista com Divaldo...

Pergunta: - Que orientação deve ser fornecida aos Centros Espíritas que queiram desenvolver atividades no âmbito da arte mediúnica?





Divaldo:
- Devemos ter muito cuidado para não nos desenvencilharmos da atividade central – a divulgação doutrinária – para os modismos que, periodicamente, surgem no contexto da sociedade. Cada época tem os seus objetivos, mas também os seus azares. Costuma-se dizer-se, em Sociologia, que cada época tem as suas virtudes e os seus pecados. O nosso movimento também não pode ficar indemne a acontecimentos dessa natureza.

Vivemos, agora, a época de dois grandes modismos: curas e psico-pictografia. A Sociedade espírita que não tem em casa um médio pintor ou um médium curador, parece que fica meio frustrada, embora, depois de alguns anos, isso desapareça e perca o ardor, que no momento encanta.

Um psicólogo me disse, uma vez, que uma coisa que ele observava nos presidentes de Centros Espíritas, era a projecção da sua imagem, da sua sombra.

Quando a pessoa se sentia frustrada socialmente, quando não havia triunfado na área social, tornava-se presidente de Centro Espírita. Fiquei muito chocado, mas, observando muitos comportamentos, com grandes exceções, vi que essa era uma forma de projecção de imagem.


Agora está na moda a presença de grandes médiuns, meios médiuns na arte da pintura, alguns bons, como é normal, outros menos bons, mas nem todos realizando tentativas valiosas. Igualmente, o mesmo ocorre na área das curas, das cirurgias psíquicas, das cirurgias mediúnicas e outras, provocando, em alguns setores, mais males ao nome do Espiritismo do que benefícios.

Não me parece justo, agora, transformarmos os Centros Espíritas em ambulatórios médicos para competir com a Medicina. Esta não é a finalidade da Doutrina Espírita, porque “os pobres vós sempre os tereis”, disse Jesus, como a dizer, como teremos ricos e injustos, teremos depois pobres e sofredores. Sempre teremos doentes, em consequência, porque a problemática não é a da aparência do corpo, mas do espírito endividado.

A própria Organização Mundial de Saúde reconhece: Não há doenças, há doentes. Nessas pessoas predispostas, a doença se instala, porque houve o desequilíbrio na sua harmonia psicofisica, ali se localizando os agentes patológicos.

Ora, esses amigos estão preocupados em atender aos doentes (sem nenhuma crítica, é uma análise de situação) que transformaram a sala de estudo em ambulatório, colocando camas para que os doentes venham e deitem-se, recebam tratamentos especializados, escutando, às vezes, a leitura de uma página do Evangelho.

Sabemos dos excelentes efeitos do Evangelho, mas a Doutrina Espírita não é apenas o Evangelho. Ela é a aplicação moral do conhecimento espírita. Sem a Doutrina Espírita não se pode entender o Evangelho em passagens muito preciosas. Sem a reencarnação, sem a comunicabilidade dos Espíritos, muitas páginas do Evangelho ficam, para nós, toldadas em seu significado. Esse comportamento, de curas, faz que o Centro Espírita esteja mais para um ambulatório de pessoas doentes do que para Núcleos de saúde integral.

Na área das pinturas mediúnicas, as pessoas ao invés de trabalharem a renovação moral do médium, de o tornarem espírita, permanecem no fenómeno, sem os aprofundamentos indispensáveis.

A moral não tem nada a ver com a mediunidade, dizem. Realmente, não tem. A mediunidade é amoral; mas o médium espírita tem que ser moralizado, para poder sintonizar com os Espíritos moralizados. É o velho ditado: Diz-me com quem andas, que te direi quem és”. Parafrasearemos aqui: "Diz-me quem és e te direi com quem andas”.

De acordo com o comportamento do médium, poderemos saber quais os Espíritos que com ele se afinam. Então, a tarefa do Centro Espírita está muito bem delineada na Codificação. Não é pelo facto de termos, hoje, um médium psico-pictográfico, ou um médium de efeitos físicos, ou um médium psicógrafo, ou um médium orador, que o Centro Espírita deve agora girar em torno dele, porque isto é um desvio da finalidade precípua da Casa Espírita.

Vamos, então, reservar a esses companheiros uma oportunidade para que treinem e, nos momentos próprios, possam apresentar a arte espírita, no caso específico provando que realmente se trata de desencarnados, graças à identificação dos autores que dele se utilizam.

Kardec abordou várias vezes a arte espírita. Da mesma forma que houve a arte pagã e a arte cristã, - disse ele – haverá a arte espírita. Mas procuremos ter muito cuidado, para que não apresentemos uma caricatura de arte, em nome da Arte Espírita.

Divaldo Franco

Nenhum comentário: