Entrevista com Divaldo...
Pergunta: - Que orientação deve ser fornecida aos Centros Espíritas que queiram desenvolver atividades no âmbito da arte mediúnica?
Divaldo: - Devemos ter muito cuidado para não nos desenvencilharmos da atividade central – a divulgação doutrinária – para os modismos que, periodicamente, surgem no contexto da sociedade. Cada época tem os seus objetivos, mas também os seus azares. Costuma-se dizer-se, em Sociologia, que cada época tem as suas virtudes e os seus pecados. O nosso movimento também não pode ficar indemne a acontecimentos dessa natureza.
Vivemos, agora, a época de dois grandes modismos: curas e psico-pictografia. A Sociedade espírita que não tem em casa um médio pintor ou um médium curador, parece que fica meio frustrada, embora, depois de alguns anos, isso desapareça e perca o ardor, que no momento encanta.

Um psicólogo me disse, uma vez, que uma coisa que ele observava nos presidentes de Centros Espíritas, era a projecção da sua imagem, da sua sombra.
Quando a pessoa se sentia frustrada socialmente, quando não havia triunfado na área social, tornava-se presidente de Centro Espírita. Fiquei muito chocado, mas, observando muitos comportamentos, com grandes exceções, vi que essa era uma forma de projecção de imagem.
Agora está na moda a presença de grandes médiuns, meios médiuns na arte da pintura, alguns bons, como é normal, outros menos bons, mas nem todos realizando tentativas valiosas. Igualmente, o mesmo ocorre na área das curas, das cirurgias psíquicas, das cirurgias mediúnicas e outras, provocando, em alguns setores, mais males ao nome do Espiritismo do que benefícios.
Não me parece justo, agora, transformarmos os Centros Espíritas em ambulatórios médicos para competir com a Medicina. Esta não é a finalidade da Doutrina Espírita, porque “os pobres vós sempre os tereis”, disse Jesus, como a dizer, como teremos ricos e injustos, teremos depois pobres e sofredores. Sempre teremos doentes, em consequência, porque a problemática não é a da aparência do corpo, mas do espírito endividado.
A própria Organização Mundial de Saúde reconhece: Não há doenças, há doentes. Nessas pessoas predispostas, a doença se instala, porque houve o desequilíbrio na sua harmonia psicofisica, ali se localizando os agentes patológicos.

Sabemos dos excelentes efeitos do Evangelho, mas a Doutrina Espírita não é apenas o Evangelho. Ela é a aplicação moral do conhecimento espírita. Sem a Doutrina Espírita não se pode entender o Evangelho em passagens muito preciosas. Sem a reencarnação, sem a comunicabilidade dos Espíritos, muitas páginas do Evangelho ficam, para nós, toldadas em seu significado. Esse comportamento, de curas, faz que o Centro Espírita esteja mais para um ambulatório de pessoas doentes do que para Núcleos de saúde integral.
Na área das pinturas mediúnicas, as pessoas ao invés de trabalharem a renovação moral do médium, de o tornarem espírita, permanecem no fenómeno, sem os aprofundamentos indispensáveis.
A moral não tem nada a ver com a mediunidade, dizem. Realmente, não tem. A mediunidade é amoral; mas o médium espírita tem que ser moralizado, para poder sintonizar com os Espíritos moralizados. É o velho ditado: Diz-me com quem andas, que te direi quem és”. Parafrasearemos aqui: "Diz-me quem és e te direi com quem andas”.
De acordo com o comportamento do médium, poderemos saber quais os Espíritos que com ele se afinam. Então, a tarefa do Centro Espírita está muito bem delineada na Co

Vamos, então, reservar a esses companheiros uma oportunidade para que treinem e, nos momentos próprios, possam apresentar a arte espírita, no caso específico provando que realmente se trata de desencarnados, graças à identificação dos autores que dele se utilizam.
Kardec abordou várias vezes a arte espírita. Da mesma forma que houve a arte pagã e a arte cristã, - disse ele – haverá a arte espírita. Mas procuremos ter muito cuidado, para que não apresentemos uma caricatura de arte, em nome da Arte Espírita.
Divaldo Franco
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