No continente asiático o teatro também já existia, com outras características, que ainda hoje o singularizam. Na china, por exemplo, o teatro foi estabelecido durante a dinastia Hsia, que se prolongou do ano 2205 ao ano 1766 antes da era cristã. Portanto, o teatro chinês é o segundo, cronologicamente, antes mesmo do teatro grego. Como no Egito, surgiu também com características rituais. Mas além das celebrações de caráter religioso, passaram também a ser evocados os êxitos militares e outros acontecimentos. Assim, as procissões e danças foram cedendo lugar à forma dramática. A Índia começou a desenvolver seu teatro cinco séculos antes da era cristã, depois do aparecimento de seus poemas egípcios Mahabharata e Ramayana, que são as grandes fontes de inspiração dos primeiros dramaturgos indianos.
Países tão distantes como a Coréia e o Japão, mesmo sem contatos com o mundo ocidental, desenvolveram ao seu modo formas próprias de teatro; a Coréia ainda antes da era cristã e o Japão durante a Idade Média (o primeiro dramaturgo japonês, o sacerdote Kwanamy Kiyotsugu, viveu entre os anos de 1333 e 1384 da era cristã). Com seu teatro de extrema perfeição técnica tem entre suas principais manifestações, a dramaturgia Nô, surgida do ensino do budismo Zen e dotada de grande complexidade psicológica e simbólica, e o Kabuki, mais popular, embora igualmente importante. Verificando-se que as representações, nestas nações assumiram cunho inteiramente diverso do grego, podemos afirmar que, para o mundo ocidental, a Grécia é considerada o berço do teatro, ainda que a precedência seja o Egito.
A origem do teatro grego e/ou ocidental está ligada aos mitos gregos arcaicos e à religião grega. Para melhor entendermos a origem deste teatro, vamos conhecer um pouco da mitologia grega porque é daí que ele surgiu. Para os gregos, a história da origem do universo e da vida começa com o Caos, a personificação do vazio primordial, anterior à criação, quando os elementos do mundo ainda não haviam sido organizados. Do Caos grego surge Géia (ou Gaia) que é a Terra de onde nascem todos os seres.
A própria Géia gerou Urano que é o Céu. Como podemos observar na natureza, o Céu cobre a Terra, numa posição que para os gregos era indicativa de uma relação sexual. Este primeiro casamento divino deu origem a Tártaro e Eros e foi imitado pelos deuses, homens e animais. Tártaro representa a outra vida, o mundo subterrâneo, o local mais profundo, nas entranhas da terra, e também o local dos suplícios e torturas, onde eram lançadas as almas rebeldes. Eros é o desejo em todos os seus sentidos e quando personificado é o deus do amor.
Da terceira geração divina, descendente de Géia e Urano, vai nascer Zeus, que é a divindade suprema, o deus da Luz. Zeus é o rei dos deuses e dos homens. Ele tinha poderes extraordinários, não só provocava a chuva, o raio e os trovões, mas também mantinha a ordem e a justiça no mundo. Zeus, apesar de ser um deus imortal, de poder absoluto, também possuía uma personalidade humana, apaixonada e vingativa. Casado oficialmente com Hera, teve, no entanto, numerosas amantes e filhos "ilegítimos". Como vimos, os deuses gregos eram antropomórficos, isto é, além da imortalidade e de poderes extraordinários, também possuíam a forma e o temperamento dos seres humanos, incluindo-se aí todos as nossas fraquezas e defeitos.
Um destes filhos ilegítimos de Zeus era Dionísio também conhecido entre os Romanos pelo nome de Baco, que vem a ser o deus da vegetação, da vinha, do vinho, e dos «ciclos vitais» -nascimento, morte e renascimento. É a sua história que nos interessa, pois nos rituais em sua homenagem haviam representações teatrais, o que nos leva a origem do Teatro Grego e Ocidental.
O teatro romano, influenciado pelos gregos, também ia se desenvolvendo, na mesma época, através de nomes como Plauto e Terêncio. Enormes tendas, com capacidade de abrigar quarenta mil pessoas, eram erguidas em Roma para as encenações. E foram os romanos que criaram a pantomima, que, por meio de música, era realizada por um ator mascarado que representava todos os papéis.
O teatro chegou a ser considerado uma atividade pagã por força da Igreja, o que prejudicou muito o seu desenvolvimento. Paradoxalmente, foi ela própria quem "ressuscitou" o teatro, na era da Idade Média, através de representações da história de Cristo. Enquanto isso, atores espanhóis profissionais trabalhavam por conta própria e recebiam patrocínio dos autores de comédia, através de festivais religiosos que eram realizados nas cortes da Espanha, com alta influência herdada das encenações italianas.
Foi na Itália que surgiu o inovador teatro renascentista, provocando a bancarrota do teatro medieval. Este teatro dito humanista desenvolvido pelos italianos, influenciou decisivamente outras nações européias, por meio de caravanas realizadas por companhias de Commedia Dell'Arte. Outra novidade italiana foi a participação de atrizes, além das evoluções cênicas, com o advento da infra-estrutura interna de palco. Inglaterra e França "importaram" as mudanças italianas e incorporaram-nas em seus intrínsecos estilos teatrais, com destaque para Shakespeare e Molière, respectivamente.
A partir do século XVIII, acontecimentos como as Revoluções Francesa e Industrial, mudaram a estrutura de muitas peças, popularizando-as através de formas como o melodrama. Nessa época, em todo o mundo, surgiram inovações estruturais, como o elevador hidráulico, a iluminação a gás e elétrica (1881). Os cenários e os figurinos começaram a ser melhor elaborados, visando transmitir maior realismo, e as sessões teatrais passaram a comportar somente uma peça. Diante de tal evolução e complexidade estrutural, foi inevitável o surgimento da figura do diretor. O teatro do século XX se caracteriza pelo ecletismo e quebra de tradições, tanto no "design" cênico e na direção teatral, quanto na infra-estrutura e nos estilos de interpretação. Podemos dizer, sob esse prisma, que o dramaturgo alemão Bertolt Brecht foi o maior inovador do chamado teatro moderno. Hoje, o teatro contemporâneo abriga, sem preconceitos, tanto as tradições realistas como as não-realistas.
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